Por incrível que pareça, a primeira vez que vi este grupo foi no programa Silvio Santos. Eu era menino, nem adolescente ainda. Era a época mais negra da ditadura militar, com Gil e Caetano exilados e Chico Buarque fora do país. Nada que parecesse revolucionário ou questionador tinha chance de aparecer, sobretudo na televisão. E de repente, ver aqueles jovens mal ajambrados, com roupas que não combinavam com nada, cabelos e barbas longas e amarfanhadas ao lado do apresentador todo empertigado, era a maior demonstração de rebeldia que eu já tinha visto. Reunia os baianos Morais, Galvão, Paulinho boca de cantor e Pepeu e a carioca Baby. Tratava-se dos Novos Baianos. Eu não conseguia tirar os olhos da tela. O que mais me impressionava, porém, era a música que eles faziam. Fiquei fascinado.
Seu segundo disco, Acabou Chorare é um verdadeiro clássico. Com uma formação que já havia agregado o baixista Dadi, além de Jorginho, Baixinho e Bolacha, produz um som cheio de influências, das mais autênticas, da música brasileira. A primeira faixa resgata um antigo samba de Assis Valente interpretado de forma deliciosa.
Quando eu ouço a canção Preta Pretinha, lembro-me de meu sogro. Anti-comunista ferrenho, ele considerava o termo “maconheiro”, a ofensa máxima que poderia lançar para uma pessoa. Ele adorava esta música, sem imaginar o que significava a expressão “enquanto corria a barca”. Morreu sem saber. E eu nunca quis lhe contar para não desiludi-lo.
A canção que mais gosto do disco é, provavelmente, a que mais gosto entre todas as que o grupo gravou. Trata-se de Acabou Chorare, de um lirismo impressionante.
Desfeito o grupo, cada um seguiu seu caminho, buscando uma carreira solo. Hoje estão meio sumidos, mas Morais e Baby até fizeram bons discos. Pepeu fez um primeiro disco sensacional, chamado Geração do som e depois enveredou por caminhos cada vez mais comerciais e mais cômodos.
Galvão escreveu um ótimo livro contando a vida do Grupo com histórias deliciosas e explicando seu conceito de vida em comunidade. O livro chama-se Anos 70: Novos e Baianos e é dificílimo de encontrar. Nele, fica evidente a identificação que o grupo teve com a cidade de São Paulo, registrada nos belos versos da canção Sampa, de Caetano Veloso:
Seu segundo disco, Acabou Chorare é um verdadeiro clássico. Com uma formação que já havia agregado o baixista Dadi, além de Jorginho, Baixinho e Bolacha, produz um som cheio de influências, das mais autênticas, da música brasileira. A primeira faixa resgata um antigo samba de Assis Valente interpretado de forma deliciosa.
Quando eu ouço a canção Preta Pretinha, lembro-me de meu sogro. Anti-comunista ferrenho, ele considerava o termo “maconheiro”, a ofensa máxima que poderia lançar para uma pessoa. Ele adorava esta música, sem imaginar o que significava a expressão “enquanto corria a barca”. Morreu sem saber. E eu nunca quis lhe contar para não desiludi-lo.
A canção que mais gosto do disco é, provavelmente, a que mais gosto entre todas as que o grupo gravou. Trata-se de Acabou Chorare, de um lirismo impressionante.
Desfeito o grupo, cada um seguiu seu caminho, buscando uma carreira solo. Hoje estão meio sumidos, mas Morais e Baby até fizeram bons discos. Pepeu fez um primeiro disco sensacional, chamado Geração do som e depois enveredou por caminhos cada vez mais comerciais e mais cômodos.
Galvão escreveu um ótimo livro contando a vida do Grupo com histórias deliciosas e explicando seu conceito de vida em comunidade. O livro chama-se Anos 70: Novos e Baianos e é dificílimo de encontrar. Nele, fica evidente a identificação que o grupo teve com a cidade de São Paulo, registrada nos belos versos da canção Sampa, de Caetano Veloso:
Panaméricas de Áfricas utópicas, túmulo do samba
mais possível novo
quilombo de Zumbi
e os Novos Baianos passeiam na tua
garoa
e novos baianos te podem curtir numa boa.
4 comentários:
(...) E de repente, ver aqueles jovens mal ajambrados, com roupas que não combinavam com nada, cabelos e barbas longas e amarfanhadas ao lado do apresentador todo empertigado, era a maior demonstração de rebeldia que eu já tinha visto. (...)
Você caprichou no vocabulário, hein?!
ajambrar
Verbo transitivo direto
Verbo pronominal
Arrumar(-se), ajeitar(-se).
amarfanhado
Adjetivo
1. V. amarrotado (1 e 2).
empertigado [Particípio de empertigar]
Adjetivo
1. Teso, direito, aprumado: Tem um andar empertigado; “A seu lado, conspícuo, empertigado, fato novo a pear-lhe os gestos, o marido tentava vãmente sofrear-lhe o choro com um gaguejar de palavras de consolação.” (José Gomes Ferreira, O Mundo dos Outros, p. 128).
2. Orgulhoso, vaidoso, altivo.
empertigar [De em + pértiga + -ar]
Verbo transitivo direto
1. Tornar teso, direito: O colete de gesso empertigava-o.
Verbo pronominal
2. Aprumar-se, endireitar-se: O sargento empertigou-se diante do tenente.
3. Tomar ares altivos ou soberbos.
Gosto muito de Preta Pretinha e ela também me faz lembrar meu pai... Pela mesma razão que você.
Bjo,
Clé
preta pretinha faz lembrar meu dindo, ele sempre cantava esta música pra mim :)
tentei me cadastrar nesta comunidade de música, estou tentando me achar :)
Ha! Não era só o seu tio que não sabia o significado da expressão... estou rindo até agora.
Eu adoro novos baianos!!! Principalmente "A menina dança".
Postar um comentário