Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Sonhando

Eu quase nunca sonho. Muito raramente. Ou, se sonho, nunca me lembro. A Clélia sonha sempre. Todos os dias. Lembra-se de detalhes e até controla o sonho. Até voa, quando decide.

Eu tenho, entretanto, dois sonhos recorrentes que, aliás, faz tempo que não me assaltam. Um angustiante e outro delicioso.

Sonho que estou nu, dentro de casa, muito tranqüilamente e de repente, por algum motivo eu me vejo trancado pra fora. E assim, nu e exposto a tudo e a todos, inicio uma angustiante corrida pra me esconder e esconder minhas vergonhas. Procuro por todo lado e não consigo encontrar abrigo. Não encontro nunca. O mais intrigante é que, no sonho, ninguém parece se importar com isso. Só mesmo eu sou acometido desta angústia insuportável.


Sonho que estou sozinho numa festa, cheia de gente. Cheia de gente desconhecida. E, de repente, chega à festa, também sozinha, uma mulher maravilhosa. A mulher mais linda que eu já pude ver na vida. E, assim que entra, ela, de longe, olha pra mim e me dirige um sorriso convidativo. Um sorriso oferecido. Um sorriso sobre o qual não pode restar a menor dúvida. E eu passo o sonho todo tentando entender por que é que aquela mulher tão linda, tão maravilhosa, escolheu justamente a mim, entre tantas pessoas, sem que eu tivesse, ao menos, proferido uma só palavra, feito um só gesto. Fico tão intrigado e interessado em entender seus motivos, que não aproveito a oportunidade que o sonho me dá.

9 comentários:

Dani Reule disse...

Durante toda a minha adolescência, também tive um sonho que se repetia sempre... Era bem esquisito. Eu acordava logo depois de me jogar num riacho (que terminava numa enorme cachoeira) sobre um travesseiro. Na faculdade, esse sonho parou. Mas até hoje, tenho o hábito de anotar o que sonhei durante a noite. Mantenho um caderninho do lado da cama. É bom. Fonte de inspiração. :o)
Uma vez, vi uma entrevista com um neurologista que dizia que as pessoas que levantam a cabeça assim que acordam, de maneira brusca, esquecem o que sonharam. Não sei se é verdade. Mas eu gosto de me espreguiçar muito antes de levantar... e costumo lembrar dos meus sonhos. hehehe

Graziana Fraga dos Santos disse...

nunca tive um sonho que me acompanhasse, tem tempos em que sonho e lembro de tudo, outras vezes que não lembro de nada e ultimamente acho que não ando sonhando, porque não lembro de nenhum resquicio...

mas uma vez tive um sonho intrigante, até escrevi sobre ele no blog, sonhava que eu estava em outra época, casando obrigada com alguém que eu tinha muito ódio (no sonho) porque nunca tinha visto aquela criatura e no meio do sonho apareceu outro pessoa tentando acabar com o casamento e deste eu sentia que gostava! fiquei dias com ele na cabeça, até hoje lembro a riqueza dos detalhes da igreja, das roupas e das pessoas do sonho, mas nunca mais sonhei a mesma coisa....parecia até um dejavu de uma outra época em que eu teria vivido...

Claudia Lyra disse...

Esse sonho de se encontrar nu é comum a muitas pessoas, né? Eu mesma tenho um desses de vez em quando. Mas um sonho que tenho sempre é de que estou batendo - e muito - em alguém... acordo até cansada!

Clélia Riquino disse...

Algumas vezes, percebo que estou sonhando. Não sei explicar como nem por que. Acontece. Nem sempre pelo absurdo da situação vivida (ou melhor, sonhada), mas é uma percepção, uma certeza. Daí, penso logo em voar, pois é, de longe, a sensação mais prazerosa que já tive em sonho. Para isso, no entanto, tenho de me deslocar pr’um lugar alto, pr’eu poder "decolar" e planar, levemente, deliciosamente, de braços abertos, como um pássaro, batendo asas... Indescritível.

Maria Helena disse...

Arnaldo
Freud explica.
Quanto à cachoeira da amiga acima, significa na psicologia, sexo. Assim me falaram as más línguas.
Bjs

ninguém disse...

arnaldo, durante bom tempo tive como terapeuta uma psicanalista junguiana. como se diz por essas paragens "lavei a égua" de tanto contar e discutir sonhos. foi muito bom. andava com caderninho, anotando tudo que lembrava ao despertar. acho muito bom sonhar e quando não lembro, fico meio angustiada. mas esses de se ver nu, ou pior, sentada no vaso sanitário no meio de uma multidão, ou de subir uma escada que desemboca num buraco que não tem como ultrapassar, nossa, isso é de lascar. assim mesmo, sonhar é muito saudável e algumas coisas eu resolvo inspirada (ou seria pirada?) nos sonhos.
bons sonhos pra você

Anônimo disse...

Prefiro sonhar quando estou acordada.
Bons sonhos. :)

Dani Reule disse...

maria helena:
E?

Arnaldo Heredia Gomes disse...

Dani,

Como eu disse, faz tempo que não sonho nenhum destes sonhos. Ou nenhum outro.


Graziana,

Isso parece uma preocupação com a liberdade. Essa preocupação eu também tenho e ela me acompanha, sempre.


Cláudia,

Nunca quero bater em ninguém. Não acho graça nisso


Maria Helena,

Se o significado é sexual, então não foram as más línguas que te falaram. Foram as boas.


Maristela,

Quando fiz terapia, nunca discuti sonhos com ele. Na verdade, nunca dei muito valor pra eles (os sonhos e os terapeutas).


Palpiteira,

Acordado, estou sonhando sempre.