Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Cantoras


O Brasil é prolífero em vozes femininas. Sempre tivemos cantoras excelentes para interpretar nossa rica música. Desde Dalva de Oliveira e Elizeth Cardoso, passando por Clara Nunes, Elis Regina e Maria Bethânia, todas verdadeiras divas. Mas não é só das cantoras conhecidas que se constrói este universo. Há uma infinidade, Brasil adentro, de maravilhosas vozes absolutamente desconhecidas. Algumas ansiando gravar o primeiro disco. Outras que, tendo o disco gravado, não conseguem a devida exposição na mídia, tanto por não terem um esquema poderoso de marketing por trás, quanto por não compactuarem com o esquema de jabá que impera no rádio e TV no Brasil.

Por tudo isso é que me incomoda que uma cantora como Maria Rita tenha tanto espaço. Confesso que até me interessei por seu primeiro disco. Movido pela curiosidade e bombardeado pelo maciço marketing que se fez no lançamento do CD, gostei de algumas coisas, principalmente ouvir canções de Marcelo Camelo sem ter que escutar Los Hermanos. Seu segundo disco não me interessou. Soou repetitivo e sem sal. Aliás, repetitiva e sem sal como é a sua voz. Muita gente gosta de dizer que ela canta como Elis Regina. Quem diz isso, ou não ouviu sua mãe cantar ou tem grave problema de audição. Chega a parecer sacrilégio dizer tal insanidade.

E agora, em seu terceiro CD, Maria Rita propõe emprestar sua voz enjoada pra cantar samba. E provando que não é do ramo, resolve inovar cantando samba sem batucada, cantando samba como se fosse toada, estragando composições, até que de qualidade, de Arlindo Cruz e outros compositores de algum talento. Não é a praia dela. Aliás, qual será? Será que sem este pedigree ela teria este espaço na mídia? Será que sem essa maciça campanha de marketing que acompanha cada lançamento de um disco seu, ela conseguiria vender ao menos uma centena de cópias? Acho que não. Não fossem essas ferramentas, ela seria mais uma cantora a embalar ébrios e desatentos ouvintes num boteco qualquer.

E enquanto isso, em cada boteco deste país, uma infinidade de boas cantoras mostra suas vozes pra platéias desatentas e, quase nunca merecedoras e ouvi-las. E enquanto isso há cantoras como Mariana Aydar, Fabiana Cozza, Juliana Diniz, Roberta Sá, Ana Costa, entre muitas outras, todas com ótimos discos lançados, repertório primoroso, sem a devida e merecida exposição na mídia. Eu, felizmente, tenho curiosidade suficiente pra ficar garimpando nas prateleiras das lojas e na internet, a procura destas preciosidades. E tenho tido a sorte de encontrar muita coisa de qualidade.

Mais sorte ainda eu tive, ao receber um e-mail de Andréa Dutra, com uma gravação onde ela canta um dos sambas de Paulo Cesar Pinheiro que mais gosto, em parceria com Mauro Duarte. Andréa, blogueira das melhores, é uma cantora ímpar. Faz parte do Arranco de Varsóvia e lançou um ótimo CD, acompanhada por Marcus Nabuco. Esta sim, merece brilhar.

Imbuído do tal espírito natalino, vou dividir este presente com vocês.

Um comentário:

andrea dutra disse...

Poxa, arnaldo, fiquei emocionada com seu comentário. Obrigada pela sua chancela preciosa! Se todos fossem iguais a você, nós, músicos do bem, estaríamos todos salvos!!! muitos beijos e muito sucesso na sua vida!!!