Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Arte em segundo plano

Estreou ontem, na Rede Globo, o especial Dalva e Herivelto – uma canção de amor, sobre a vida da cantora Dalva de Oliveira e do compositor Herivelto Martins. Produção bem cuidada, seu primeiro episódio já mostrou que a minissérie irá abordar muito mais a dramática vida pessoal dos protagonistas do que a música brasileira, que entrará, apenas, como pano de fundo. É uma pena, já que, pelo menos pra mim, a intimidade das pessoas famosas é muito menos importante que a obra que elas legam à posteridade.

Herivelto foi um compositor muito importante da nossa música, tendo sido responsável por vários clássicos de nosso cancioneiro, como Praça Onze, Isaura ou a imbatível Ave Maria no Morro. Dalva foi uma cantora de enorme popularidade, nas décadas de 1940 a 1960, tendo emplacado sucessos absolutos como Tudo acabado, Kalu ou Bandeira Branca, talvez o mais emblemático deles.

Infelizmente, ao que tudo indica, esta obra será coadjuvante na minissérie. Isto é compreensível, já que vivemos numa época em que a mídia valoriza, sobremaneira, aquilo que acontece na vida pessoal das, hoje chamadas, celebridades. É a preponderância da personalidade em detrimento da arte, a exposição exagerada da imagem e das fofocas, é a era dos paparazzi.

Adriana Esteves e Fábio Assunção estão bastante convincentes nos papéis principais, ambos muito bonitos, beleza muito superior aos personagens na vida real. Mas, como a vida real interessa mais se for revestida de glamour, até isso está dentro do combinado.

Espero, sinceramente, que, nos próximos episódios, a música tenha um pouquinho mais de espaço.




Ave Maria no morro (Herivelto Martins)
Trio de Ouro

3 comentários:

Romanzeira disse...

Ah, Arnaldo, não se engane. A musica brasileira será o ultimo ponto a ser destacado nesse mini serie, que é so mais um produto no melhor estilo revista Contigo (revista de fofocas das celebridades).
É uma pena mesmo...

Eli Carlos Vieira disse...

Em meio a focos desnecessários e dispensáveis na abordagem da obra, Adriana Esteves se mostra, mesmo, muito íntima com a interpretação de Dalva! E convence. Eu não botava fé, quando ainda dos anúncios da série, mas depois vi que estava enganado.
Mas não gostei, nem um pouco, de Assunção. Nem um pouco. Nas partes dramáticas, de cena, como em qualquer novela/filme, ele até encara bem, mas na hora de encarnar de fato o cantor, músico, artista, aí a coisa, a meu ver, fica a desejar. E muito.

Esta questão de obras que buscam escancarar a vida pessoal de uma personalidade é complexa. Acredito que quem seja fã de verdade até goste de ver essas abordagens mais pessoais do artista. Mas, para quem apenas viveu na época deles, ou ainda quem nem sequer era nascido, mas adoraria ter mais referências musicais a cerca desses nomes da música brasileira, ficam a chupar dedo.
E depois muito se reclama, quando um garoto ou mocinha respondem algo do tipo "É aquela que morreu, né?", quando questionados se conhecem Elis Regina ou Dalva de Oliveira...

Abração, Arnaldo.
Embora ausente em comentários, estou sempre de olho no que se passa neste baú!

Diego Moreira disse...

Arnaldo, para mim, o saldo dessa minissérie é:

Metade do Brasil agora odeia Herivelto Martins. A outra metade sente pena de Dalva de Oliveira.

Todos eles estão errados. Culpa da caricatura exagerada que fizeram do casal. Abraços.