Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

sábado, 20 de março de 2010

Amor e posse

Perder alguma coisa material tem a sua dor. É uma dor amena, ao menos pra mim. Já passei por isso algumas vezes. Certa vez, esqueci um livro numa sala de espera de dentista. A dor foi mais pelo que deixei de ler e pela ruptura da continuidade do prazer que já experimentara, do que pelo valor do livro, propriamente dito. Curiosamente, vim a comprar um outro exemplar dele, algum tempo depois, mas nunca retomei sua leitura. Ficou, mesmo, como uma perda.

Certa vez, emprestei um disco a um amigo e não mais o reouve devido a uma dupla amnésia, a do amigo que deve tê-lo colocado em sua estante por descuido e a minha, que não me lembrei qual foi o amigo contemplado pelo empréstimo sem volta. A dor, neste caso, foi amenizada pela certeza que o bom amigo passou a regozijar-se com boa música, já que, assim como só tenho bons amigos, sempre só tive bons discos.

A dor maior, a mais pungente, é a perda de algo que nos falte ao sentimento, algo pelo que sintamos carinho, algo pelo qual sintamos amor. Algo que tenha uma história, construida ao longo de muitos anos. Aí, a sensação é maior do que a de perda. A sensação é a de vazio, um vazio que parece que nunca mais vai ser ocupado novamente. Talvez o tempo amenize essa dor.

4 comentários:

Telejornalismo Fabico disse...

*



perdi - e fui surrupiado - de muita coisa que gostava.

mas duas ficaram marcadas: um cd duplo do paulinho da viola que ganhei de um grande amigo - edição esgotada há séculos - e um livro do evelyn waugh que ganhei de uma grande amiga. o gozado é que os dois foram perdidos pela mesma pessoa, alguém que tava acima de tuudo, mas não teve sensibilidade pra ver o quanto eram importantes pra mim.

e aí: o tempo tá fazendo efeito?




*

Vivien Morgato : disse...

Não sei o que perdeu, nem sei o vazio que está por aí, mas torço para que tudo melhore: hoje e sempre.

Romanzeira disse...

Ah, empretar livros e cds e não ter mais notícias dos ditos é algo que ja virou rotina para mim. O que mais me doeu foi o emprestimo de "O livro de Saladino", que era um presente (com dedicatória e tudo) e, como eu estava muito pegada de trabalho e estudo, emprestei a um amigo. Infelizmente a gente perdeu contato e nunca mais vi nem o amigo e muito menos o livro...

Anônimo disse...

me perdi...me fiz perder....e acabei perdendo também algo importante na minha vida!achei que o tempo seria um santo remédio, porém hoje estou sentindo muito pela perda , por aquilo que não volta. Se pudesse voltar no tempo...se pudesse encontrar novamente... se pudese.....