Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

domingo, 14 de março de 2010

Lá do Paraná

São Paulo e Rio de Janeiro nos impõem uma hegemonia cruel na área da música popular. Embora a Bahia tenha gerado tantos talentos, de João Gilberto aos Novos Baianos, passando pelos antigos, os Doces Bárbaros, esses talentos, todos, só foram mostrados ao Brasil depois que migraram para o eixo Rio-São Paulo. E isso se repete, ali e acolá, com artistas de todos os cantos. Essa hegemonia, forçada pelo poder econômico, acaba nos impedindo de ver, ouvir e conhecer muita gente boa, de talento, que não tem oportunidade de se mostrar ou não tem assim tanta fome de fama.

Por tudo isso, me encho de alegria quando descubro algum artista novo ou, ao menos, que eu não conhecia. Foi o caso de Rogéria Holtz que, apesar de paulista, radicou-se no Paraná e lá, vem tentando firmar uma carreira. E em seu segundo disco, No país de Alice, resolveu cantar parte da obra de Alice Ruiz, outra paranaense de quem, aliás, já falei aqui no blog.

Há, no disco, parcerias de Alice Ruiz com Arnaldo Antunes, Itamar Assumpção, Zeca Baleiro, Zé Miguel Wisnik e Alzira Espíndola, entre outros. Este amplo espectro de compositores possibilita percebermos que a cantora detém considerável versatilidade. O acompanhamento prima pelo básico, guitarra, baixo e bateria, eventualmente um teclado, sem invencionices.

A voz de Rogéria Holtz é grave, lembrando, às vezes, a de Zélia Duncan, de quem também me agrada muito o timbre. E como Alice tem esta fauna diversa de parceiros, o disco é também bastante diversificado, embora ao longo das faixas o que impera são as baladas de levada bem pop, umas mais leves, outras mais ligeiras. Não é, definitivamente, meu tipo predileto de música, mas não posso negar que causa certo prazer ficar a ouvi-lo. Não há uma faixa espetacular, mas, no todo, o disco encaixa muito bem.



Virtual (Alice Ruiz – Zé Miguel Wisnik)

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