Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Histórias das canções

Escrevi um post, semanas atrás, falando sobre meu interesse em saber sobre o como e os porquês que movem os escritores. Tenho essa curiosidade, em lugar de tê-la a respeito da vida pessoal de cada um. Por isso não me animo a assistir realities shows ou a ler a revista Caras. Tenho um sincero desinteresse em saber como é a casa de fulano ou se beltrano comeu sicrana. Nada disso me interessa, de verdade.

Me interessa, entretanto, a obra dos artistas e, além do como e dos porquês, tenho uma genuína curiosidade em saber como estas obras foram concebidas, como as idéias surgiram, as histórias por trás de cada concepção.

O livro Histórias das Minhas Canções, de Paulo César Pinheiro foi um achado delicioso, devorado em poucas horas, em que eu pude, além de reler letras de músicas, as quais não me esqueço nunca, saber da história de cada uma delas, o como, o onde e o porquê foram criadas. Em face à vastidão da obra deste poeta, as 256 páginas do livro parecem uma gota que não sacia uma sede infinita. O livro se esvai, delicioso, mas injustamente curto. Dá uma vontade louca de continuar descobrindo as histórias por traz de cada obra prima deste autor, em que as mais pitorescas são aquelas que nos mostram as artimanhas utilizadas para driblar a burocrática censura imposta ao país nos anos de chumbo em que alguns de nós vivemos. Muito interessante, também, seu relato da motivação absolutamente apolítica a partir da qual foi composta a letra de Tô Voltando, com Maurício Tapajós e da surpresa do autor ao vê-la transformada no hino da anistia, sem que isso tivesse sequer passado por sua cabeça quando a compôs.

Um livro curto, só 256 páginas, insuficiente para saciar minha sede de conhecer. E apesar disso, um livro esplêndido, capaz de satisfazer um desejo, se não pela quantidade, pela imensa qualidade.

3 comentários:

Unknown disse...

Pô, Arnaldo. Conta umas histórias do livro aí. Ainda não comprei, fiquei curioso. PCP é o maior.

PS: Escrevi sobre o debate tomando sua análise como ponto de partida. Creio que concordamos em quase tudo.

Lord Broken Pottery disse...

Arnaldo,
Também me interesso pelo processo criativo.
Grande abraço

Selma disse...

Oi, Arnaldo

Não li o livro do Paulo César Pinheiro e ainda por cima tomo a liberdade de indicar outro ainda não lido... Trata-se do História de Canções de Chico Buarque, do Wagner Homem, vulgo Cachorrão, curador do site do Chico. Apesar de não ter lido o livro, ouvi boa parte das histórias que o compõem no show de mesmo nome, num bar em Moema.
O autor vai contando as histórias, enquanto um amigo dele, músico, toca ao violão e cantarola trechos de algumas das canções. A amiga que nos convidou para o show leu o livro , que conta, claro, mais anedotas. Mas, segundo ela, o show pinça as melhores.
Caso queira dar uma espiada, o site do livro é http://www.historiasdecancoes.com.br/apresentacao.php. Um outro amigo que nos acompanhou ao show, fã de carteirinha do Chico, conhecia várias das histórias. Eu reconheci algumas também; mesmo assim concordamos que foi legal saber das novas e confirmar boatos antigos.
Não posso me lembrar o nome do tal bar, que não achei particularmente interessante. Mas o próprio Cachorrão, ao fim do show, nos falou da intenção de levar a curta performance pra um lugar mais apropriado. Pode ser até que já esteja rolando em outro sítio e eu não saiba, já que estou de volta ao lar, doce lar, e moro fora do Brasil.
Fica a dica do livro, caso Chico Buarque também lhe agrade.
Saudações!