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quinta-feira, 16 de julho de 2009

Feminino

Caramelo, o filme libanês dirigido pela atriz Nadine Labaki, fala da solidão das mulheres. Das mulheres maduras, sobretudo. Apesar de não negar referências regionais, o filme poderia se passar em qualquer outro lugar e em qualquer outro tempo. Afinal, a discriminação e a opressão que as mulheres sofrem na Beirute de hoje já foram iguais à que ocorreu na sociedade brasileira ou norte-americana em algum outro tempo. Não é esta questão, portanto, o que mais me toca no filme.

O ponto principal é como a sociedade, em épocas e regiões distintas, impõe às mulheres, modelos estéticos e de comportamento cruéis. Aliás, eu sempre digo que o tempo é cruel com as mulheres, menos pelo que a natureza opera em seu corpo e mais pelo que a sociedade lhes cobra. Afinal, uma gordura localizada, uma mecha branca nos cabelos ou algumas rugas, são absolutamente aceitáveis nos homens (quando não são, em muitos casos, admiradas) enquanto são abomináveis nas mulheres. Pouquíssimas são as munidas de coragem e personalidade suficientes para encarar estas transformações, absolutamente naturais, com dignidade.

Há que se ressaltar que esta cobrança não provém apenas da parcela machista da sociedade, mas também as mulheres exercem esta tirania de forma cruel, na maioria das vezes, mais do que os homens. Isso obriga toda mulher, ao amadurecer, a tomar decisões difíceis como a de encarar estas transformações de frente ou tentar, inutilmente, escondê-las, através de cirurgia e maquiagem, com resultados desastrosos, muitas vezes.

É de cada um destes e de outros dramas, enfrentados pelas mulheres, que trata Caramelo. É um filme repleto de mulheres, feito por mulheres, para as mulheres. Tanto é assim, que eu era um dos únicos dois exemplares do sexo masculino na sala de exibição. Isso não representa nenhum problema para mim. Se existe uma coisa de que eu gosto é da companhia das mulheres.

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