Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Meus 5 sambas preferidos

Meu amigo Alejandro gosta de fazer listas. Tem uma infinidade delas: filmes que ainda quer ver, próximos livros para ler, esse tipo de coisa, tudo no futuro. Ele as escreve em papeizinhos minúsculos, com um altíssimo grau de organização. Eu não consigo ser tão organizado e muito menos tenho disciplina para fazer listas, ainda mais no futuro. Nunca conseguiria cumpri-las. Por isso, em sua homenagem, resolvi fazer uma lista, mas uma lista no passado.

Todo mundo que lê esse blog percebe que o assunto mais constante aqui é a música. E sabe que, dentre as minhas preferências, é o samba a que mais me emociona. Por isso mesmo, resolvi fazer a lista dos meus 5 sambas preferidos. Não é uma lista definitiva (nunca será) e nem eterna. Essa lista, se eu tivesse pensado em fazê-la no ano passado, talvez fosse outra. Se eu cismar de fazê-la daqui a um ano, poderá ser diferente, quem sabe?

Não é uma lista dos melhores sambas e nem dos sambas mais importantes. É a lista dos sambas que eu mais gosto, que mais me tocam e que, portanto, mais tocam em meu carro, minha casa, minha cabeça. São os sambas que mais me dão prazer ouvir e cantar. E vou colocá-los aqui com as gravações com as quais eu os conheci:



E lá se vão meus anéis (Eduardo Gudin e Paulo César Pinheiro)
com Os Originais do Samba

O meu amor pelo samba é tão grande quanto o meu ódio por aqueles conjuntos de pagode, em que 5 ou 6 marmanjos dublam “dançandinho”, vestindo a mesma roupa, sambas melosos de qualidade duvidosa. Ao que tudo indica, felizmente, esses grupos estão sumindo do mapa. Acho-os abomináveis. Houve, porém, num passado remoto, um grupo que fazia esta mesma coisa que eu abomino, com uma diferença crucial: eles sabiam tocar e cantar samba e um samba da maior qualidade. Faziam isso quando isso não era moda. Eram os Originais do Samba e foi com eles que eu conheci esta maravilha, fruto de parceria entre Eduardo Gudin e Paulo César Pinheiro.


Pressentimento (Elton Medeiros e Hermínio Bello de Carvalho)
com MPB4 e Quarteto em Cy

O grupo vocal de que mais gosto é o MPB4. Não o da formação de agora, com o Dalmo Medeiros, mas da anterior, com o Ruy Faria. E dentre os seus discos, o que mais me encanta é o 10 Anos Depois, recheado de gravações clássicas, entre elas, esse samba de Elton Medeiros e Hermínio Bello de Carvalho.


Senhora Liberdade (Nei Lopes e Wilson Moreira)
com Zezé Motta

Sempre gostei da voz vigorosa da atriz Zezé Motta, como gostei de seu vigor no filme Chica da Silva, esbanjando sensualidade, como uma rainha africana. Lembro-me do quanto gostava de ouvi-la cantando, assim como gostava de ver suas pernas. Em seu disco Negritude, cheio de músicas excelentes, o destaque era para Senhora Liberdade, de Nei Lopes e Wilson Moreira.


Saudades da Guanabara (Moacyr Luz, Paulo César Pinheiro e Aldir Blanc)
com Beth Carvalho

É a primeira faixa do disco de mesmo nome que Beth Carvalho gravou, em 1989, no auge de sua maturidade como cantora. Uma parceria de Moacyr Luz com meus dois letristas preferidos da música popular brasileira, Paulo César Pinheiro e Aldir Blanc. Aliás, a história de como este samba foi composto pode ser lida aqui, no Blog do Moa.


O samba é meu dom (Wilson das Neves e Paulo César Pinheiro)
com Wilson das Neves

Num dos shows de aniversário de 50 anos de Paulo César Pinheiro, no SESC Pompéia, estavam reunidos no palco grandes nomes do nosso samba como João Nogueira, Joyce, Márcia e Eduardo Gudin. Cada um, cantava algumas músicas e saía, dando vez para outro que entrava. O grupo que acompanhava a turma era de primeiríssima qualidade. De repente, Wilson das Neves, famoso baterista, sai de trás do instrumento e vem à frente do palco cantar um samba seu em parceria com o aniversariante. Era O samba é meu dom. Lembro-me que fiquei perplexo e saí de lá, naquela noite, com esse samba na cabeça e não sosseguei enquanto não pude encontrar um disco com a gravação daquele jóia. Custou, mas quando consegui, a exaltação que sentira da primeira vez voltou com a mesma força.


Enfim, como eu já disse, pode nem ser a lista dos melhores ou mais importantes sambas já compostos. Só sei que, depois de postar este texto, não sei se serei capaz de sair da frente do computador.

2 comentários:

Unknown disse...

Belíssima lista, querido! Agora você precisa ouvir O samba é meu dom na voz de Fabiana Cozza! Faça isso, faça isso! Entre no YouTube e procure por "Fabiana Cozza + Zimbo Trio". Busque exatamente por esta apresentação, dela com o Zimbo. E me diga, depois, se não é um dos encontros mais felizes que já aconteceram na música popular brasileira! Abração!

Eli Carlos Vieira disse...

Pressentimento foi ótima!
Aqui deixo meu Top 5 de sambas preferidos, mas todos na voz de Elis Regina!

1-Sai dessa – Ana Terra e Nathan Marques (brasileiríssima!!!)

2-O mestre-sala dos mares – João Bosco e Aldir Blanc (clássica)

3- Eu, hein, Rosa – João Nogueira e Paulo César Pinheiro (ilária)

4-Vou deitar e rolar – Baden Powell e Paulo César Pinheiro (única)

5-Bala com bala – João Bosco e Aldir Blanc (técnica)

Abração, Arnaldo!