Os Estados Unidos têm uma força tão poderosa e uma presença tão maciça na mídia, que até dá a impressão de que, lá, todo mundo pensa e age da mesma forma, na mesma direção. O cinema tenta nos vender uma caricatura tão estereotipada daquela sociedade, que pode parecer que naquele país, todo mundo é igual. Para o bem e para o mal. Que todo mundo vive confortavelmente, todo mundo é de direita, todo mundo quer guardar armas em casa, todo adolescente é capaz de entrar num shopping center e metralhar as pessoas numa praça de alimentação.
É fácil e perigoso pensar dessa maneira. Nenhum lugar é assim. Nenhum lugar tem uma conduta tão hegemônica que não admita questionamentos a respeito do modo de vida. Ainda bem.
Isso ficou muito claro pra quem acompanhou as duas últimas eleições para presidente dos Estados Unidos ou a reação da população com as estripulias tabagistas do último presidente do partido democrata. Aquele país está dividido em dois. Fifty-fifty. Se quisermos simplificar, enxergaremos, de um lado, uma sociedade que habita as duas costas, ávida por novidades e tecnologia. Sedenta por estar à frente do tempo, inovando costumes e hábitos. E do outro lado, vivendo no centro e, sobretudo no sul do país, uma gente mais conservadora, ciosa de suas tradições, avessa às mudanças e, portanto, às evoluções. Mas como simplificar também é sempre perigoso, não devemos imaginar que o país esteja à beira de uma guerra civil. Que ianques e confederados estejam a um passo de se digladiarem por causa de ideais inconciliáveis. Nada disso. Há muito pouca diferença entre democratas e republicanos.
O que há, de um lado e do outro, são pessoas que não temem questionar o modelo. São tachados de esquerdistas, numa conotação muito diferente daquela que nós, na América Latina costumamos utilizar. São na verdade, contestadores. E foram algumas destas pessoas que o jornalista Edney Silvestre resolveu entrevistar na última década do século passado. Nem todos os entrevistados são americanos, mas todos eles, ou moram lá, ou estão intimamente ligados à sociedade americana. São escritores, cineastas, cientistas, músicos, enfim, pensadores. Na lista, dois brasileiros. O jornalista Paulo Francis e o educador Paulo Freire, ambos morando nos Estados Unidos, à época.
As entrevistas foram publicadas num livro, cujo nome é justamente Contestadores, pela Editora Francis.
Edney Silvestre é o tipo do repórter que eu acho exemplar. Vai entrevistar um escritor tendo lido muitos dos seus livros ou um dramaturgo, tendo visto todas as suas peças. É um repórter que não se furta a tocar nas feridas. Não foge dos assuntos polêmicos. Mas, sobretudo, não quer competir com o entrevistado e não se deixa contaminar pelo vírus da vaidade. Jô Soares teria muito a aprender com ele.
É fácil e perigoso pensar dessa maneira. Nenhum lugar é assim. Nenhum lugar tem uma conduta tão hegemônica que não admita questionamentos a respeito do modo de vida. Ainda bem.
Isso ficou muito claro pra quem acompanhou as duas últimas eleições para presidente dos Estados Unidos ou a reação da população com as estripulias tabagistas do último presidente do partido democrata. Aquele país está dividido em dois. Fifty-fifty. Se quisermos simplificar, enxergaremos, de um lado, uma sociedade que habita as duas costas, ávida por novidades e tecnologia. Sedenta por estar à frente do tempo, inovando costumes e hábitos. E do outro lado, vivendo no centro e, sobretudo no sul do país, uma gente mais conservadora, ciosa de suas tradições, avessa às mudanças e, portanto, às evoluções. Mas como simplificar também é sempre perigoso, não devemos imaginar que o país esteja à beira de uma guerra civil. Que ianques e confederados estejam a um passo de se digladiarem por causa de ideais inconciliáveis. Nada disso. Há muito pouca diferença entre democratas e republicanos.
O que há, de um lado e do outro, são pessoas que não temem questionar o modelo. São tachados de esquerdistas, numa conotação muito diferente daquela que nós, na América Latina costumamos utilizar. São na verdade, contestadores. E foram algumas destas pessoas que o jornalista Edney Silvestre resolveu entrevistar na última década do século passado. Nem todos os entrevistados são americanos, mas todos eles, ou moram lá, ou estão intimamente ligados à sociedade americana. São escritores, cineastas, cientistas, músicos, enfim, pensadores. Na lista, dois brasileiros. O jornalista Paulo Francis e o educador Paulo Freire, ambos morando nos Estados Unidos, à época.
As entrevistas foram publicadas num livro, cujo nome é justamente Contestadores, pela Editora Francis.
Edney Silvestre é o tipo do repórter que eu acho exemplar. Vai entrevistar um escritor tendo lido muitos dos seus livros ou um dramaturgo, tendo visto todas as suas peças. É um repórter que não se furta a tocar nas feridas. Não foge dos assuntos polêmicos. Mas, sobretudo, não quer competir com o entrevistado e não se deixa contaminar pelo vírus da vaidade. Jô Soares teria muito a aprender com ele.
O livro é delicioso e nos apresenta um panorama de uma parcela bem pensante da sociedade americana. Uma parcela que não está nos filmes de Hollywood e nem nos seriados da Sony.
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