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sábado, 6 de janeiro de 2007

De arrepiar

É inevitável que este post saia cheio de links. Sim, embora possa parecer exagerado, esses títulos sublinhados são necessários pra falar de Maurício Tapajós, dada a grande quantidade de obras primas compostas por ele, em parcerias com vários poetas, entre eles, Aldir Blanc, Paulo César Pinheiro e Cacaso.

Pesadelo, Querelas do Brasil, Agora é Portela 74, Estrela guia, De palavra em Palavra, Samambaias, Desalento, Mudando de conversa, Entre o torresmo e a moela, Aparecida, Faz tempo e aquele que, na minha opinião, é o grande hino da anistia, Tô voltando, são apenas alguns exemplos de uma vasta lista de canções deste compositor, falecido tão precocemente.

E depois de dez anos de sua morte, a gravadora do CPC-UMES lança o CD Sobras Repletas, com canções inéditas ou pouco conhecidas deste autor. Interpretadas por artistas de primeira linha de nossa música popular como Chico Buarque, Joyce, Zé Renato e Zélia Duncan, o disco mostra muito da sua versatilidade. Além do mais, Mauricio Tapajós sempre foi um músico muito respeitado por sua classe, devido à sua luta incessante (e inglória) pelos direitos autorais, sempre tão mal administrados neste nosso país.

É neste CD que eu pude ouvir, pela primeira vez, uma música gravada pelo MPB4 em sua nova formação, com Dalmo Medeiros no lugar de Ruy Faria.



É encantadora a interpretação de Mônica Salmaso na canção Desconsolo, uma parceria dele com Nelson Cavaquinho e Hermínio Bello de Carvalho.



Mas emocionante mesmo, é a canção Surdina composta por ele e Cacaso, na voz de Tatiana Parra. É de arrepiar, sinceramente.
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2 comentários:

Clélia Riquino disse...

Você me mostrou Surdina, neste disco. É, realmente, linda! De arrepiar...

Surdina
Maurício Tapajós & Cacaso


Primeiro, o Tenório Jr.
Que sumiu na Argentina
Depois, quando perigava
Onze e meia da matina
Veio a notícia fatal:
Faleceu Elis Regina
Um arrepio gelado
Um frio de cocaína!
A morte espreita calada
Na dobra de uma esquina
Rodando a sua matraca
Tocando a sua buzina
Isso sem falar
Na morte do velho Vina!
E agora, é Clara Nunes
Que morre ainda menina!
É demais! Que sina!
A melhor prata da casa
O ouro melhor da mina
Que Deus proteja de perto
A minha mãe Clementina!
Lá vai a morte afinando
O coro que desafina...
Se desse tempo eu falava
Do salto da Ana Cristina.

Anônimo disse...

Arrepia mais ainda quando pensamos que a morte viria colher os compositores ainda jovens. Morte é um tema recorrente na obra do Cacaso. Ele parecia antever que iria cedo.