Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

domingo, 18 de fevereiro de 2007

Carnaval

Minha mãe gostava muito de bailes de carnaval e vivia pedindo pro meu pai levá-la. Sua resposta típica era que baile de carnaval é pra se ir com a mulher dos outros.

Fui a muitos bailes de carnaval quando moleque, mas nunca me senti bem estando neles. Na verdade, sentia-me mal nas duas situações possíveis num lugar como aquele. Se eu ficasse do lado de fora da roda, na arquibancada do ginásio, por exemplo, achava ridículos os caras que estavam no meio da pista, dando voltas olímpicas no salão, com as mãos pra cima e marchando. Mais ridículos ainda, eu achava os que ficavam do lado de fora, olhando o pessoal dançando, quando eu estava no meio da pista. Enfim, nunca me senti à vontade nessas situações. Era um crítico de mim mesmo.

Nunca vi um desfile de escola de samba. Não um desfile de verdade, de uma escola de verdade. Pode ser que, um dia, ainda veja. Ver na TV não tenho paciência. Me parecem todos iguais, todos os anos, todas as escolas. O que eu já vi foram desfiles em cidades menores, como São Bernardo do Campo e Valinhos ou de escolas menores como em São Paulo. Não me empolguei.

Aliás, embora saiba reconhecer o valor do samba de São Paulo, a qualidade de um Geraldo Filme, um Paulo Vanzolini, um Adoniran, o samba paulista está muito longe de me comover como me comove o samba carioca. Nada em São Paulo é comparável a Cartola ou Nelson Cavaquinho. Nem é uma questão de opinião, pois esta, todo mundo pode ter a sua. É uma questão de gosto e emoção.

Por isso, trato o carnaval como um feriado comum, como um 21 de abril que caia na terça-feira. Aproveito o carnaval pra descansar e ir ao cinema. Foi o que eu fiz hoje. E foi uma folia.

5 comentários:

Anônimo disse...

Oi, tio!
Ao contrário de você eu sempre gostei do carnaval. Quando era pequena ia com a minhamãe àqueles bailinhos nos clubes, com confete e serpentina ao som das famosas marchinhas.
No ano passado fui ao Sambódromo, aqui em São Paulo, para ver os desfiles da sexta e do sábado. Adorei. O som da bateria e o efeito das cores e o brilho das fantasias é mil vezes melhor do que o que a gente percebe pela TV.
Ontem eu desfilei pela Vai-Vai. Nervosismo, ansiedade... Mas foi lindo ver todas aquelas pessoas nas arquibancadas cantando e dançando com a gente... Além de ver como funciona a comunidade de uma escola de samba, que foi uma surpresa pra mim.
Agora já sou fã do Carnaval paulista e espero estar sempre lá... e na avenida!
Smack!

Arnaldo Heredia Gomes disse...

Bá,

É isso mesmo que eu acho que tem que acontecer. Se vai sair numa escola de samba, tem que conhecer, se envolver com a comunidade. A tia Clélia tem uma amiga, de São José, que todo ano sai na modidade de padre Miguel do Rio. Eu tenho certeza que ela não sabe nada sobre a escola, nunca ouviu falar em Mestre André e deve aprender o samba enredo no ônibus, no ar condicionado. Não deve saber nada sobre samba de raiz, nunca deve ter ouvido nada do Cartola, Nelson Cavaquinho, Silas de Oliveira, Paulo da Portela. Assim, eu acho que é muito artificial a participação. Sei, entretanto, que você não é assim. Ainda bem!

Anônimo disse...

"Na verdade, sentia-me mal nas duas situações possíveis num lugar como aquele. Se eu ficasse do lado de fora da roda, na arquibancada do ginásio, por exemplo, achava ridículos os caras que estavam no meio da pista, dando voltas olímpicas no salão, com as mãos pra cima e marchando. Mais ridículos ainda, eu achava os que ficavam do lado de fora, olhando o pessoal dançando, quando eu estava no meio da pista. Enfim, nunca me senti à vontade nessas situações. Era um crítico de mim mesmo"

Essa passagem é antológica. Merecia figurar em qualquer coletânea de melhores trechos retirados da blogosfera brasileira!

Um putabraço!

Vivien Morgato : disse...

Eu detesto multidão...e muldidão dando a "volta olímpica"...rs....é realmente patético.

Anônimo disse...

Olá Arnaldo,

Estamos na praia... tentando se desligar do Carnaval. Mesmo sem participar diretamente, não deu. O desfile, achei que não aconteceria esse ano, foi novamente aqui, quase em baixo do prédio. Na frente do prédio, a "concentração"... de hora em hora um novo batuque. Começou domingo as 22:00hs e foi até as 06:00h da manhã.
Seu texto sobre a volta olímpica é hilário, e me fez lembrar a única vez que fui a um baile numa dessas quadras olímpicas de futebol de salão e basquete. Foi na década de 70 no Iate Clube Jequiá, na Ilha do Governador. Tinha uns 12 pra 13 anos... e na época, fui mais pra acompanhar as meninas da rua, a turma do prédio, pra ver o que rolava... Na família ninguém nunca foi "ligado" em Carnaval, e eu voltei pra casa sem ter aprendido o que é o verdadeiro Carnaval, o samba. Hoje pensando, será que a Sociedade não perdeu a oportunidade de me mostrar?