Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

domingo, 25 de fevereiro de 2007

Vinícius

Há filmes que a gente acha que não vale a pena assistir. Ou por não gostar do gênero, ou do diretor ou dos atores. Há aqueles que a gente vê o trailer e se desinteressa e aqueles que, obviamente, sabemos que será uma droga. Há, ainda, aqueles que nos provocam algum interesse, alguma curiosidade, mas que, por preguiça, preferimos deixar pra depois, talvez assistir em casa, quando sair na locadora.

Há, entretanto, filmes que a gente perde por pura bobeada. Por não ter tempo de ir ao cinema, por achar que ele ficará em cartaz mais um pouco e, de repente, o filme some das salas de exibição. Pois foi por pura bobeada, burrice mesmo, que não assisti ao filme Vinícius, quando passou no cinema.

E ontem à tarde, depois de comer uma suculenta chuleta com salada de chuchu, deitado na cama para uma siesta merecida, zapeando a TV, descobri que o filme iria passar no canal TV Brasil. Fiquei em casa pra assistir.

Conheci poesia com Vinícius. E conheci a poesia de Vinícius por causa de suas letras de música. Até então, moleque ainda, nunca tinha me interessado por ela, tendo lido apenas coisas esparsas de Olavo Bilac, Cassiano Ricardo ou Gonçalves Dias. Quando li Vinícius me apaixonei e a sua poesia, fundamentada na métrica e na rima, passou a ser minha referência. E foi justamente por isso que demorei muito pra me interessar pela poesia sem métrica e rima e pela poesia concreta. Demorei muito pra me entusiasmar com Drumond, Cabral ou Bandeira. Quem me curou dessa cegueira foi Ferreira Gullar, quando li o Poema Sujo e Dentro da noite veloz.


Mas, voltando ao filme, não me emocionava tanto desde que vi Meu tempo é hoje, sobre Paulinho da Viola.

Vinícius, o filme, tem depoimentos de amigos e parceiros, tem interpretações de suas obras, tem cenas e fotos da época em que viveu e tem uma narração baseada na linha do tempo, pontuada pela sua vida, as cidades em que morou, seus nove casamentos. Por ter todas estas coisas e não apenas cada uma destas coisas, o filme é tão maravilhoso.

Raramente compro DVDs de filmes pois, em geral, não gosto de ver um filme mais de uma vez. Uma das exceções foi o DVD do Paulinho da Viola. Acho que agora vou ter que abrir uma nova exceção.

2 comentários:

Thelma disse...

Este filme é para ter em DVD e ver de tempos em tempos. É ótimo!

Beatriz Fontes disse...

Oi! Eu comentei sobre "Vinicius" lá no meu Café Zurrapa (http://cafe-zurrapa.blogspot.com/2006_04_01_archive.html)... Mas o meu processo de descoberta do filme foi inverso. Na verdade, embora formada em Letras e apaixonada por literatura, tenho uma birra com a poesia. Em geral, acho chatíssima! Detesto poemas, principalmente, os de amor... Acho melosos, sei lá. ;-)

Minhas exceções são justamente as que você citou como os que demorou a ler: "Drumond, Cabral ou Bandeira". Acrescentaria apenas Pessoa, acho. Bem, vez ou outra descubro algo que me apaixona... Mas, bem, isso é uma outra conversa.

O fato é que assisti a "Vinicius", no cinema, por acaso. Um pouco porque todos elogiavam tanto... Outro tanto, porque achava que devia dar uma chance ao Poetinha. Afinal, desde que lançaram o site com a obra completa dele, comecei a reconsiderar minha opinião a respeito dele. Na verdade, além de implicar com poesia, pasme, sempre impliquei com bossa nova... Ou seja...

E, bem, eu A-M-E-I o filme! E saí de lá apaixonada por Vinicius...