Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Moacyr Luz

Não vou mentir, no começo eu achava que Moacyr Luz cantava mal. Reconhecia nele um compositor de primeiríssima linha, principalmente por ter composto um dos meus 5 sambas preferidos. Mas achava sua voz falha, quase desafinada. Devo adiantar que não tenho nada especialmente contra os desafinados. Chico Buarque desafina, Francis Hime desafina, Eduardo Gudin e Tom Jobim são quase insuportáveis para quem faz questão da freqüência exata na emissão das notas musicais. Não é meu caso. Nunca deixei de comprar discos destes artistas que citei por esse motivo. Mas no caso do Moacyr Luz, tive, quando conheci, alguma má vontade com sua voz. Tanto, que foi por esse motivo que não fui assistir a seu show, em Campinas, na primeira vez que se apresentou no Tonico’s Boteco. O segundo show eu perdi pelo fato de estar viajando e o terceiro, felizmente, pude ir vê-lo. Sim, digo felizmente, pois felizmente eu percebi que sua maneira de cantar samba é das mais autênticas e sonoras que eu já pude ouvir. Hoje, pouca gente me comove tanto quanto Moacyr Luz cantando samba.

Seus discos tenho todos, com exceção do primeiro, lançado em 1988, que já procurei muito sem lograr sucesso. Os 3 primeiros são de parcerias com Aldir Blanc, o que garante qualidade inquestionável e, na quarta empreitada fonográfica, gravou um disco com músicas de outros autores, chamado Na Galeria. Este tem um significado muito grande pra mim, por dois motivos: foi neste disco que aprendi a gostar de seu jeito de cantar e porque há nele sambas fantásticos de grandes compositores, bem desconhecidos (os sambas, não os compositores). São sambas de Cartola, Noel Rosa e Candeia, entre tantos outros. Sua gravação de Retiro, do Paulinho da Viola, vez por outra, me leva às lágrimas.
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Passei a comprar todos os seus discos e foi com Samba da Cidade que, na minha opinião, ele atingiu o auge da qualidade, não por acaso, ao diversificar os parceiros. Naquele disco, ele apresentava composições com Wilson das Neves, Martinho da Vila, Paulo César Pinheiro, Nei Lopes, Luiz Carlos da Vila, Wilson Moreira e Aldir Blanc, naturalmente. O disco é de arrepiar, acreditem. Som de Prata, com letra de Paulo César Pinheiro, é comovente.
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Foi uma sensação de muita excitação a que eu senti quando fui comprar seu último CD, Batucando. Nele há, também, parcerias diversas e parceiros novos como Ivan Lins, Hermínio Bello de Carvalho e Sereno. Há, neste disco novo, várias participações especiais, cantando junto com ele. Zeca Pagodinho, Wilson das Neves, Beth Carvalho, Martinho da Vila, Ivan Lins, Alcione, Tantinho da Mangueira, Luiz Melodia e Mart’nália passeiam entre as faixas em companhia do Moa. Um disco muito bom, que eu não me canso de ouvir.
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Um comentário:

Valéria Martins disse...

Quando vc vier ao Rio, não pode perder a roda de samba que ele promove toda sexta-feira no Clube Santa Luzia, ao lado do aeroporto Santos Dumont. É a céu aberto, com vista para o Cristo Redentor, Baía da Guanabara, Outeiro da Glória... É MARAVILHOSO! Sou fã e sempre que chega alguém de fora eu levo lá, porque é um programa genuinamente carioca.

Beijos!