Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

No rumo das águas

Num país abundante de boas cantoras, em que a cada dia surge um novo nome e, mesmo entre aquelas que não aparecem, encontra-se grande qualidade, é natural que as cantoras mais antigas tendam a cair no ostracismo. É o caso de ótimas cantoras, como Gal Costa, que acabou sumindo da mídia. Mesmo Elis Regina, é raro ouvi-la no rádio. Nossos ouvidos estão cada vez mais sendo alimentados pelas novas cantoras, a maioria delas, muito boas.

Há, porém, um nome que reina absoluto e que parece imune ao processo de esquecimento popular. Trata-se de Maria Bethânia. Tendo sido a primeira mulher brasileira a vender mais de 1 milhão de discos (Álibi, de 1978), essa cantora nunca deixou o panteão dos grandes nomes da nossa música. Seus discos nunca foram oportunistas, seguindo sempre um conceito e obedecendo um estilo, que segundo ela, é não ter estilo nenhum.

Desta vez, Bethânia elegeu a água como mote e, neste rumo, fez dois discos. Pirata reúne canções que têm os rios como tema. São canções leves, algumas mais antigas outras nem tanto, em que autores consagrados como Caetano Veloso, Edu lobo e Joubert de Carvalho, mesclam suas músicas com outros mais novos como Ana Carolina, Seu Jorge e Vanessa da Mata.

O outro disco é Mar de Sophia, no qual são as águas do mar que dão o rumo do barco. Neste disco, canções mais densas são entremeadas por textos e poemas, como só Bethânia sabe falar. Ambos contam com a delicadeza do maestro Jaime Além, responsável pelos arranjos.

Vale a pena ter os dois discos. Aliás, Maria Bethânia sempre vale a pena.

Um comentário:

Anônimo disse...

É sempre bom ter cantoras boas, novas e cantoras antigas e ainda boas.
M.Bethânia é assim, sua experiência, passada em sua voz reflexiva e com um grave interessante e cheio de cor mostra que, como num trajeto percorrido por rios, é possível desaguar em mares de tempos novos, sem alterar a pureza que só as águas transmitem.
Sempre me pego ouvindo repetidamente um vinil que tenho dela onde narra, com uma sensibilidade, as indecisões de uma inocente-apaixonada, Teresinha! Sem falar no arranjo, simples e direto: tocante!
Maria, Bethânia, é isso, simples e essencial.
Abraços a todos
:-]