Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

sábado, 23 de dezembro de 2006

Saborosa arte

Sem ter talento pra fazer música ou escrever versos, elegi a culinária como a minha arte. Acho que todo mundo deveria se dedicar a alguma atividade artística. Não profissionalmente, mas como uma forma de extrair prazer, de exorcizar os demônios do dia-a-dia. O trabalho chato, as contas vencidas, os desejos inatingíveis. Gosto de fazer comida e de servi-la aos amigos. Gosto de alimentar as pessoas que eu amo. Acho que é o lado materno da minha porção mulher se manifestando.

E é por este amor à culinária e à gastronomia que gostamos, a Clélia, a Cecília e eu, de acompanhar o programa Top Chef, que o canal por assinatura Sony transmite às quartas feiras, 21 horas, com inúmeras reprises durante a semana.

Não sou dado aos realities shows. Nunca usei meu tempo acompanhando os Big Brothers da vida, nem os originais europeus e americanos e, muito menos, as imitações brasileiras. Aliás, quando estes programas estão passando na TV aberta, sinto-me como um ET por não conseguir participar das conversas com os colegas do escritório na hora do almoço. Não assisto, pois não me interesso pela intimidade das pessoas, sejam elas comuns ou celebridades.

Top Chef é um reality show diferente. São 12 candidatos a chefe de cozinha que competem entre si, recebendo tarefas, sempre ligadas a gastronomia. Um vence e um perde, toda semana. O que perde deixa o programa. Ao final de 12 semanas, o grande vencedor receberá alguns prêmios relevantes para a sua carreira. É delicioso acompanhar as execuções dos pratos, as idéias de combinações de sabores, as saídas para as tarefas mais insólitas. É interessante, também, perceber a fogueira de vaidades que esta disputa e convivência provoca nos candidatos. Como todo artista, ou melhor, como qualquer pessoa, a vaidade, num determinado momento, aflora e mostra do que somos capazes para sermos admirados.

Ninguém escapa disso. Todos somos vaidosos. Há os que se envaidecem da sua beleza plástica, outros do conhecimento adquirido ou, até mesmo, há aqueles que se orgulham de levar uma vida monástica, sem luxo e sem vaidade. Estes, às vezes, são os que têm o ego mais inchado.

Não tem jeito. O ser humano deveria ter nascido pavão.

6 comentários:

Vivien Morgato : disse...

Entendo vcs. Uma das coisas que mais gosto é receber meus amigos em casa e cozinhar pra eles, isso é algo que faço há muitos anos e me dá um grande prazer.
Quando vou pro Rio, já é tradição que eu faça moqueca e risoto e um dos meus tios já começa sacaneando porque eu "incorporo" o personagem, colocando avental e manuseando as colheres e temperos.Me emociono com filmes que falem disso e acho que é uma das formas de "comunicação" mais delicadas.

Anônimo disse...

Vivien,

Há vários filmes que tratam deste assunto. Alguns são deliciosos de assistir (dão água na boca) e outros nem tanto. No primeiro grupo nossos preferidos são:

A festa de Babette
Simplesmente Marta
Comer, beber, viver
A grande noite
Chocolate


Como água para chocolate também é interessante, mostrando uma mescla de culinária com magia (talvez sejam a mesma coisa).

Há outros filmes que também tratam de comida, porém não nos despertam apetite. Pelo contrário, nos causam enjôo:

A comilança
O cozinheiro, o ladrão, sua mulher e o amante
Delicatessen

Vivien Morgato : disse...

Clélia, Como agua pra chocolate tem aquele clima de realismo fantastico que eu adooooro....

Anônimo disse...

Vivien

Lembro-me pouco de Como água para chocolate, pois faz tempo que o assistimos. Preciso revê-lo...

Chocolate, mais recente, tem tb esta aura de magia, alquimia, feitiço, sedução... Gostei mais do filme que o Arnaldo. Acho a trilha sonora especial (pena que ainda não aprendi a colocar som nos comentários!). Gosto da idéia do vento soprando e levando a protagonista (Juliette Binoche) para novos lugares... O filme traz tb no elenco: a bela Lena Olin (esposa do diretor, Lasse Hallström), os ótimos Alfred Molina & Judi Dench, além de Johnny Depp (qu'eu nem gosto mto, mas está super charmoso no papel).

Anônimo disse...

Olá Arnaldo e Clélia,
Aguentei alguns dias sem e-mail, net, bloggs, notícias, etc... foi um prazer ler o Baú de Tranqueiras novamente. Falando em gastronomia, passamos o Natal em família aqui em SV, mãe, irmãs, sobrinha, cunhados... o AP tava cheio... não faltou o tradicional Peru de Natal... e já comemos a moqueca de cação da minha sogra, que é uma maravilha. Apesar dela ser baiana, não usa os fortes temperos de dendê, pimenta, etc... deixando a moqueca mais ao natural, mais pro capixaba. Uma gostosura. Falando de filmes, assisti a Festa de Babette quando morava no Sul ainda, e foi algo maravilhoso. Lembro daquele ar gélido ao lado de fora do casebre, e aquela delícia de sequência de pratos no aconchego do interior.
Um Feliz Ano novo pra vocês.

Anônimo disse...

E hoje, 4ª feira, não teve Top Chef, excepcionalmente, no canal Sony.