Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

terça-feira, 26 de dezembro de 2006

Presente de natal

Há muito tempo o natal não significa nada pra mim. Mas já significou. Quando eu era criança. E o significado tinha um nome bem claro: presente!

Eu adorava o natal por causa dos presentes. Todo final de ano, minha avó Iraci fazia um crediário nas lojas Mappin e assumia uma dívida que lhe consumia um ano inteiro de trabalho, pra presentear os 5 netos. Foi dela que ganhei um carrinho a pilha que subia nas paredes (e depois caía, evidentemente) e também um gravador, com o qual eu gravava as músicas que tocavam no rádio.

Conforme fui crescendo, fui perdendo o entusiasmo por ganhar presentes. Aliás, aqui em casa, a gente não costuma dar presentes em datas especiais. É muito comum não darmos presentes nos aniversários, assim como é comum darmos presentes sem que seja necessária uma data especial pra isso. A Clélia é quem mais gosta de presentear. E, há muitos anos, sempre damos livros de presente para as crianças. Todas as amiguinhas de escola da Cecília sabiam que iriam ganhar um livro dela no aniversário. Talvez algumas não achassem tanta graça, mas nós dávamos assim mesmo.

Voltando ao natal, fazia tempo que nenhum presente me entusiasmava. Em geral, ganho presentes com excelentes intenções, mas que raramente mexem comigo. Neste ano fui surpreendido. É que ganhei um presente espetacular do meu pai. Lançado pela Fundação Perseu Abramo, ganhei o livro Pela democracia, contra o arbítrio.
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Ainda não o li. Apenas o folheei, na casa de minha irmã, entre um naco de pernil e uma coxa de peru. Apaixonei-me por ele. O livro traz dezenas de depoimentos que habitaram a página da fundação. Envolve o período que vai do golpe de 64 à campanha pelas diretas já, passando pela morte de Vladmir Herzog, o movimento estudantil em 1977, a campanha pela anistia, a greve de 1980 no ABC e a criação do PT. É um livro ricamente ilustrado com fotos emblemáticas deste período.

É um livro denso, daqueles que a gente sente ciúmes, daqueles que a gente quer namorar.

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