
Pois Anna Lee acaba de lançar outro livro, desta vez sozinha. Chama-se O Sorriso da Sociedade. Nele, ela disseca o Rio de Janeiro do início do século passado, quando o prefeito Pereira Passos transformou a cidade num canteiro de obras. Sua intenção, sob o comando do presidente Rodrigues Alves, era transformar o então Distrito Federal numa cidade moderna, aos moldes das grandes cidades européias, sobretudo Paris. Inserida nessa cidade e com o mesmo ideal de comparação com a referência parisiense encontra-se a Academia Brasileira de Letras, fundada há menos de 10 anos. E como pano de fundo, um crime, envolvendo 2 intelectuais das letras.
O livro mostra, com muita riqueza de detalhes, como viviam e como se relacionavam a elite carioca e a intelectualidade daquele tempo. E deixa que entrevejamos como a população foi alijada da nova cidade e o quanto o era da vida cultural. Pra fazer a mega reforma, o prefeito desalojou milhares de pessoas dos cortiços e casas de cômodos da cidade. Estas pessoas foram “empurradas” para os morros e tiveram que se arranjar como puderam. A população pobre, na maioria analfabeta, não fazia parte da chamada sociedade, na capital federal. A intelectualidade, também elitizada, não escrevia para ela, portanto.
Será que isso mudou muito?
Um comentário:
Gosto muito desse tema, mas ai, por motivos obvios, preciso puxar a sardinha pros historiadores: quem gosta do tema deve ler Sidney Chalhoub e Nicolau Sevcenko.;0)
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