Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

domingo, 26 de novembro de 2006

Sabores antigos

A primeira vez que comi um hambúrguer, tinha menos de 9 anos. Sei disso, pois ainda morava no bairro do Ipiranga. Meu pai trouxe a novidade de uma lanchonete, ao lado da igreja do Sião. Até então, meus sanduíches haviam se resumido a cachorro quente e misto frio. Fiquei abalado com aquele sabor. Me chamaram a atenção a maciez do pão e o gosto da maionese. Não sei bem porque, mas meu pai nunca mais trouxe aquilo pra casa. E, quase quarenta anos depois, nunca mais consegui comer um hambúrguer que tivesse aquele gosto.

Há muitos sabores da infância que desapareceram. Ou porque não existem mais, ou porque mudaram. Vai aí uma lista deles:

Guaraná Antártica
Só havia a garrafa de 290 ml e a caçulinha, um pouco menor. Seu sabor era mais azedinho e muito mais borbulhante. Tanto que no rótulo, vinha escrito Guaraná Champagne. Hoje tem gosto de xarope.


Sonho de Valsa
A casquinha era mais crocante e o recheio tinha sabor de paçoca, desmanchando na boca. Hoje, tem gosto de pasta de amendoim.

Diamante Negro
A Clélia acha que seu sabor mudou. Não tenho tão clara essa sensação. Só me lembro que era o chocolate preferido de minha mãe.

Biju
Em qualquer bairro de São Paulo havia um vendedor de biju. Eles carregavam uma lata imensa nas costas e chamavam a atenção da criançada com um dispositivo de madeira com um arame grosso que fazia um ruído característico. Isso desapareceu da cidade. Os que existem, industrializados, não têm nada a ver. Quando viemos morar em Valinhos, há 5 anos, encontramos um vendedor de biju autêntico. A Clélia nunca tinha comido. Nos esbaldamos por muito tempo. Depois disso, ele arrumou um emprego público e parou de fazer aquela delícia.

Churros
O verdadeiro churro espanhol, feito em rodelas e frito num tacho de óleo, era fácil de encontrar em São Paulo, principalmente nas feiras livres. Tinha a massa lisa e não eram doces. Depois, vieram esses detestáveis churros sextavados, feitos em máquinas e adocicados. Hoje, só é possível comer o churro tradicional em um endereço da Mooca, na rua Ana Néri, nas madrugadas e manhãs de sextas, sábados e domingos. E não sei por quanto tempo. Vida longa ao Toninho!

5 comentários:

Arnaldo Heredia Gomes disse...

Valeu, Manuel.

Obrigado pelas palavras. É claro que pode adicionar o link do meu blog. Depois, entrarei no seu blog, para dar uma olhada.

Anônimo disse...

Seu blog tá cada dia melhor. Adorei esse texto e lembro ainda que quando criança eu comia biscoitos Globo na praia e no Maracanã. E, hoje, quando você vai ao Rio quase não encontra mais os biscoitos Globo e, quando encontra, tem a sensação de que ele está sempre murcho e sem gosto.

Arnaldo Heredia Gomes disse...

Nunca comi biscoitos Globo. Sempre que vou ao Rio, vejo as pessoas vendendo esses biscoitos, aproveitando o trânsito caótico da Av. Brasil. Provavelmente são os tais, murchos e sem gosto. Mesmo assim, na próxima vez que eu for pra lá, vou comprar pra experimentar.

Anônimo disse...

Também tenho um sabor perdido na infância... Num bar/restaurante, na Rua XV de Novembro, no centro de São José dos Campos, onde nasci e cresci. Era uma pizza (básica) de mozarela. Comíamos no balcão, aos pedaços.

Vivien Morgato : disse...

Eu me nego a comer bixcoito grobo...rsrsr....mas tenho saudades do Mineirinho que tomava na minha infancia no Rio. Nunca mais vi, será que ainda existe?