Livros, música, cinema, política, comida boa. Isso tudo e mais um montão de tranqueiras dentro de um baú aberto.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

À meia luz

Eu não tenho muitos discos da cantora Alcione. Não que não goste de sua voz. Muito pelo contrário. Suas participações nos songbooks de Almir Chediak ou no CD Chico Buarque de Mangueira são excelentes. Seu timbre forte e melodioso é muito agradável.

O que sempre me deixou com um pé atrás no trabalho desta cantora maranhense foi a escolha do repertório e os arranjos. Os mesmos defeitos que acometem o excelente Emílio Santiago, em minha opinião, um de nossos melhores cantores na atualidade.

Mas há um CD de Alcione que eu acho excelente. Gravado ao vivo, basicamente com sambas-canções, chamado Nos bares da vida. É um CD, na própria definição da cantora, pra matar as saudades de quando cantava na noite, sobretudo no Beco das Garrafas. A noite sempre deu muita tarimba para os intérpretes e nos revelou grandes talentos.

Pois neste CD há clássicos de nossa música de dor de cotovelo como Nossos momentos, Bar da noite, Neste mesmo lugar e Tudo acabado, entre outros. E ela prova que dá pra cantar este tipo de música com muito bom gosto.

Os arranjos simples ajudam a criar um clima intimista. Na maior parte das faixas há apenas um violão e, eventualmente, uma sutil percussão. Uma grata surpresa, se pensarmos que esta cantora sempre privilegiou os exagerados arranjos do que se convencionou chamar de sambão. O resultado não poderia ser melhor. O violão de João Lyra, na medida do necessário, recebe contribuições, em algumas faixas, do piano de Cristóvão Bastos ou do trompete de Márcio Montarroyos ou ainda da gaita de Rildo Hora. Na excelente gravação de De onde vens, de Dori Caymmi e Nelson Motta, é o próprio autor da melodia que a acompanha ao violão, num momento especial.

Nos bares da vida é um disco pra quem gosta de samba-canção e pra quem já experimentou o que é curtir num bar, à meia luz, uma bela dor de cotovelo.

5 comentários:

filipelamas disse...

Parabéns pelos excelentes conteúdos!

Anônimo disse...

Última forma
Baden Powell & Paulo César Pinheiro


É, como eu falei, não ia durar
Eu bem que avisei, pois é, vai desmoronar
Hoje ou amanhã um vai se curvar
E graças a Deus, não vai ser eu quem vai mudar
Você perdeu
E sabendo com quem eu lidei não vou me prejudicar
Nem sofrer, nem chorar, nem vou voltar atrás
Estou no meu lugar, não há razão pra se ter paz
Com quem só quis rasgar o meu cartaz
E agora, pra mim, você não é nada mais

E qualquer um pode se enganar
Você foi comum, pois é, você foi vulgar
O que é que eu fui fazer quando dispus te acompanhar
Porém pra mim você morreu
Você foi castigo que Deus me deu

Não saberei jamais se você mereceu perdão
Porque eu não sou capaz de esquecer uma ingratidão
E você foi uma a mais
E qualquer um pode se enganar
Você foi comum, pois é, você foi vulgar
O que é que eu fui fazer quando dispus te acompanhar
Porém pra mim você morreu
Você foi castigo que Deus me deu
E como sempre se faz, aquele abraço, adeus
E até nunca mais

Anônimo disse...

E tb neste CD, a linda e inspirada canção de João Nogueira & Paulo César Pinheiro:

O poder da criação
João Nogueira & Paulo César Pinheiro


Não, ninguém faz samba só porque prefere
Força nenhuma no mundo interfere
Sobre o poder da criação
Não, não precisa se estar nem feliz nem aflito
Nem se refugiar num lugar mais bonito
Em busca da inspiração

Não, ela é uma luz que chega de repente
Com a rapidez de uma estrela cadente
E acende a mente e o coração
É, faz pensar
Que existe uma força maior que nos guia
Está no ar
Vem no meio da noite ou no claro do dia
Chega a nos angustiar
E o poeta se deixa levar por essa magia
E um verso vem vindo e vem vindo uma melodia
E o povo começa a cantar!

Vivien Morgato : disse...

Eu fui em um show dela quando eu era criança...e ela usava aquelas peruquinhas.

Unknown disse...

Amo Última Forma, acho essa canção simplesmente perfeita.