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segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

Nada justifica um genocídio

Neste dia em que morreu o ditador chileno Augusto Pinochet, me causa muita insatisfação ler, nos jornais, algumas pessoas alegando que o golpe militar no Chile, em 1973, tenha alavancado e sustentado o crescimento daquele país. Isto não é verdade. Os melhores índices econômicos aconteceram justamente depois de 1990, após a redemocratização.

Mas mesmo se isto fosse verdade, não é possível aceitar que o crescimento de uma nação ocorra graças a um assassinato em massa. E aí não contém nenhuma questão ideológica. Seja a pessoa de esquerda ou de direita. Seja socialista ou neoliberal, é inadmissível que alguém possa elogiar um governo que tenha cometido atrocidades como as da ditadura de Pinochet.

O governo de Salvador Allende, democraticamente eleito, foi derrubado por um golpe militar amplamente financiado e suportado pelo governo americano que, aliás, suportou também, naquela época, outros regimes ditatoriais na América Latina, inclusive no Brasil. A ditadura chilena, entretanto, não encontra, no nosso continente, paralelo de comparação em termos de desrespeito aos direitos humanos. Foi um verdadeiro genocídio executado contra pessoas desarmadas, apenas por discordarem do regime. Aliás, nem era preciso discordar, naqueles anos, para morrer no Chile. Bastava não concordar. Bastava ser neutro.

O corpo do ditador será agora cremado. Melhor seria, se, além disso, fosse também enterrado, de preferência num buraco bem fundo, o mais fundo que se possa cavar, de forma a ficar o mais próximo do inferno, que, caso exista, é o lugar mais apropriado a este personagem repulsivo.

O ideal é que Pinochet não seja esquecido, assim como Hitler, assim como Stalin. Ele deve ser lembrado como símbolo de todo o horror que o ser humano é capaz de praticar por causa da sede de poder. Mas Pinochet não deve ser um símbolo do Chile. O povo chileno merece ser lembrado por outros personagens. Viva o Chile de Pablo Neruda. Viva o Chile de Salvador Allende. Viva o Chile de Victor Jara.




Um comentário:

Anônimo disse...

Viva!